A Virgem do Fuso, uma obra-prima pintada por Leonardo da Vinci (1452-1519), ganhou notoriedade ao ser roubada e se tornar o furto mais valioso já ocorrido na Grã-Bretanha. Agora, duas décadas depois, Olivia Graham compartilha a intrigante história de como seu pai, envolvido na recuperação da pintura, se viu envolto em um processo criminal.
Tudo começou quando Olivia tinha 18 anos e seu pai a levou a um canto do bar que ele possuía em Liverpool, no norte da Inglaterra. Naquela ocasião, ele alegou que algo incrível estava prestes a acontecer, algo tão extraordinário que ela um dia contaria aos seus próprios netos. Embora curiosa, Olivia não fez muitas perguntas na época.
Contudo, anos depois, ela decidiu compartilhar a história por meio de um podcast para a BBC. A narrativa se desenrola em 27 de agosto de 2003, quando um antigo VW Golf GTI parou diante do Castelo de Drumlanrig, residência do Duque de Buccleuch, um dos homens mais ricos do Reino Unido. Dois homens invadiram o castelo, surpreendendo a guia turística Alison Russell, enquanto um deles a intimidava e roubava a obra-prima de Leonardo da Vinci da parede do castelo.
A pintura, conhecida como “Virgem do Fuso”, tinha 500 anos de existência e pertencia a um dos artistas mais renomados do mundo, valendo naquela época cerca de 40 milhões de libras (equivalente a cerca de 250 milhões de reais nos valores atuais). O roubo repercutiu internacionalmente, levando a uma recompensa oferecida por Mark Dalrymple, avaliador da seguradora, para informações sobre a devolução da obra.
Após quatro anos sem pistas do paradeiro da pintura, ela apareceu nas mãos de um grupo em Liverpool, que a possuía como garantia em um negócio imobiliário fracassado, buscando recuperar os 700 mil libras que haviam perdido.
É aqui que o pai de Olivia, Robbie Graham, entra em cena. Robbie, um homem empreendedor, tinha uma agência de detetive particular e um site que conectava itens roubados a seus donos legítimos. Em 2007, ele foi abordado por dois indivíduos, J e Frank, que propuseram devolver a pintura em troca de recompensa. Para garantir que tudo fosse legal, Robbie buscou orientação legal, resultando em uma trama complexa de negociações e aconselhamento jurídico.
Um acordo foi fechado para a entrega da pintura em troca de 2 milhões de libras de recompensa, mas os eventos tomaram um rumo inesperado. O duque de Buccleuch mudou de ideia, exigindo que a pintura fosse devolvida antes que a recompensa fosse liberada. Isso levou a tensões e negociações adicionais, culminando na entrega da pintura, mas também na revelação de que a operação era uma ação policial planejada desde o início.
O resultado foi um processo judicial complexo, envolvendo acusações de conspiração para extorsão contra vários indivíduos, incluindo Robbie e outros envolvidos. O desenlace do caso trouxe surpresas e reviravoltas, culminando com a alegação de que o grupo era liderado por policiais.
Infelizmente, o duque de Buccleuch não viveu para ver a pintura devolvida, pois faleceu antes do evento. Hoje, a pintura está exposta na Galeria Nacional da Escócia, em Edimburgo. A história de Olivia é uma mistura de emoções, destacando a complexidade humana diante de desafios e oportunidades únicas. Seu pai, Robbie, deixou um legado de empreendedorismo e paixão pela arte, e sua memória continua viva para sempre.